HISTÓRIA REGIONAL

COLUNISTA - JOSÉ CLÁUDIO HENRIQUES


A FERROVIA OESTE DE MINAS
Por José Cláudio Henriques*
Em 02/02/1878 os são-joanenses providenciaram uma assembléia geral, que aconteceu na Prefeitura Municipal, subscreveram mais da metade do capital exigido à base de 20$000 (vinte mil reis) por ação, e elegeram a primeira diretoria da Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM), assim composta: - Dr. Aureliano Martins de Carvalho Mourão – presidente, José da Costa Rodrigues – secretário, Antônio José Dias Bastos – tesoureiro.
Em fins de outubro de 1878 foi iniciada a execução das obras. Pronto o primeiro percurso da cidade de Antônio Carlos à Barroso foram adquiridas quatro locomotivas Baldwin da cidade de Filadelfia, sendo que os vagões foram construídos nas oficinas da Estrada de Ferro Pedro II. Inicialmente, os produtos da nossa região eram transportados via Rio das Mortes até Barroso, até que os trilhos chegassem à São João del Rei, onde se deu a inauguração do terminal em 28/08/1881, com a presença do imperador Pedro II, acompanhado do Ministro da Marinha Conselheiro Lima Duarte, do Ministro da Agricultura Conselheiro Manoel Buarque de Macedo, o qual faleceu no dia 29 de agosto, ou seja; no dia seguinte à inauguração da ferrovia, acometido de congestão pulmonar de origem cardíaca, sendo na oportunidade, adaptado um vagão funerário que transportou o corpo do ministro para o Rio de Janeiro.
Em 09 de setembro de 1884, depois de quase 3 anos de funcionamento regular da linha São João del Rei/Antônio Carlos, os acionistas do Rio de Janeiro e da cidade de Oliveira, em assembléia extraordinária, em São João del Rei, decidiram prolongar o terminal de São João del Rei até Oliveira, com empréstimos do banco alemão “Fur Deutschiand”, sendo inaugurado em 1888. Desta forma estava fechado o circuito ferroviário da malha da Oeste de Minas à malha da Estrada de Ferro Pedro II, com a cidade de Barra Mansa e posteriormente com o estado de Goiás.
Em 1891 foi fundada a Companhia Agrícola e Industrial da Oeste de Minas com intensa alavancagem econômica da nossa região, com fundação de Indústrias têxteis, agropecuárias e outras fábricas mais. Até mesmo um ramal ferroviário existia dentro da “Fábrica de Tecidos São-joanense”. Foi nessa época que veio um grande número de emigrantes estrangeiros para São João del Rei.
Após o ano de 1900 a Oeste de Minas passou por dificuldades financeiras, sendo suas ações hipotecadas ao banco alemão “Fur Deutschiand”, até que o governo federal encampou o patrimônio ferroviário, e, em 1931 transformado em “Rede Mineira de Viação”. Finalmente, no inicio dos anos 80 foram cessando os trabalhos da Oeste de Minas.

Há de registrar que ainda hoje existe em funcionamento o trem turístico São João – Tiradentes, a cargo da Ferrovia Centro Atlântica. Também registramos que o ramal Matosinhos – Águas Santas foi inaugurado em 21/04/1910. Vários diretores e superintendentes da Oeste de Minas foram lideres políticos e nome de ruas em São João, tais como; Aureliano Mourão, Paulo Freitas, Leite de Castro, Antônio Rocha, Hermillo Alves e Cesar de Pina. Registramos também os profícuos trabalhos de pesquisa de Bruno Campos, Alzenira Agostini e membros da ASPEF; Hugo Caramuru, Jonas, Adilson, Vítor, Benito Mussolini, Alexandre, Osvaldo, Sebastião Florêncio, Welber e Lopes.

*José Cláudio Henriques é historiador, escritor e ex-presidente da Academia de Letras e do IHG de São João del Rei.

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