HISTÓRIA REGIONAL
COLUNISTA - JOSÉ CLÁUDIO HENRIQUES
NOSSO GINEGO
Por José Cláudio Henriques*
Faleceu no dia 03 próximo passado JOÃO DA CRUZ MAGALHÃES mais conhecido por GINEGO. Grande carnavalesco que vai deixar saudades.
Em depoimento para o Jornal O Grande Matosinhos de fevereiro de 2012 o Sr. Mário Gallo, mais conhecido como Tito Gallo, nascido em São João del Rei em 06/08/1922, nas proximidades da Praça Raul Soares, lembrava muito bem das antigas sociedades e ranchos carnavalescos da década de 1930, sendo alguns antecedentes dessa data, como o Clube X, que era o mais chique, onde saía a fina sociedade são-joanense. Seu reduto, segundo Sr. Tito era a Rua Santo Antônio. Da antiga Prainha, hoje Rodoviária Velha, saíam o “Boi Gordo”, da família Diláscio, e o “Custa mais Vai” do Ginego. Tinha também o “Clube dos Quarenta”, comandado pelo Álvaro de Souza, e o rancho “Prazer das Morenas”, dirigido pelo Eduardo Gâncio e Zé da Igrejinha. Naquela época, oficiais e praças se misturavam no animado carnaval, sendo que o 51º Batalhão de Caçadores, atual 11ºBIMth, emprestava belos cavalos que desfilavam como Abre Alas e Comissão de Frente das agremiações. Os salões de clubes eram muito frequentados, destacando-se o Athletic, Minas, Social, Sírio e Libanês e Salão da Associação Comercial, incluindo sempre a presença do presidente eleito Dr. Tancredo Neves e seu maior amigo Belizário Leite. O fim de noite ou o amanhecer era no Café República, o tradicional cabaré da cidade, que ficava perto do Posto de gasolina Strefeze. Ficavam movimentados também vários bares e principalmente o Café Ideal e o Café Rio de Janeiro. O corso carnavalesco não faltava durante o dia. Eram filas de automóveis como os famosos “Ford 29”, de capota abaixada, jogando confetes, serpentinas e limões de cera cheios de água perfumada.
A nova era das Escolas de Samba de São João del Rei teve inicio no ano de 1956 e seu precursor foi Jota Dângelo, médico, jornalista, professor e teatrólogo, que criou a fantástica Escola de Samba Qualquer Nome Serve. Depois surgiram a “Falem de Mim” que, juntamente com a Qualquer Nome Serve, eram as preferidas da elite são-joanense. Em seguida apareceram a verde branca “Largo da Cruz”, “Imperatriz” da Rua do Barro; e “Depois eu Digo”, do Tejuco, mais uma vez comandada pelo Ginego. Nessa época desfilava como bloco o sensacional “Bate Paus”, do Senhor dos Montes, que posteriormente virou uma excelente Escola de Samba.
Até o ano de 2003, São João possuía treze Escolas de Samba. Além das já citadas, tínhamos: “União”, fusão da Qualquer Nome Serve com a Escola de Samba do Bonfim; Girassol e Arco Iris de Matosinhos; Vem me Ver do Tejuco; Vira-Vira, do Bela Vista; São Geraldo; Bem me Quer, da Rua do Barro; Metralhas; Unidos da Ponte, da COHAB e Coração Rubro-Negro, que hoje virou bloco.
*José Cláudio Henriques foi presidente da Academia de Letras e do IHG de São João del Rei, e autor dos livros: “Bairro de Matosinhos, berço da cidade de São João del Rei”, Maria Angélica, a desejada dos Inconfidentes, e “Bárbara Eliodora, muito mais que bela”.