CARTAS DE UM OUTRO MATOSINHOS
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Isabel Lago
Diretamente de Portugal

Olá, amigos de S. João d’El Rei. Como vão os preparativos para o grande acontecimento cultural de 2007? Espero poder encontrar-me com vocês aí nessa altura. Hoje vamos começar a falar de uma outra igreja do Bom Jesus de Matosinhos, desta vez na cidade de Pouso Alegre

POUSO ALEGRE – Minas Gerais

Pouso Alegre, antigo arraial do Bom Jesus de Matozinhos do Mandu, está localizado na região  Sul de Minas Gerais, no Vale do Sapucaí, às margens da Rodovia Fernão Dias - BR-381, numa área estratégica e de acesso aos 3 maiores centros de produção e consumo do país. Fica a 200 km de São Paulo, 385 de Belo Horizonte e 390 km do Rio de Janeiro.
Com cerca de 130.000 habitantes, tem uma taxa de crescimento do PIB de 7,41%. O município tem 545 km2, dos quais 39 correspondem ao limite urbano. Seus vizinhos municipais - 50 municípios com uma população estimada em 700 mil habitantes - fazem de Pouso Alegre um centro de referência no comércio, na educação, na saúde e no lazer

 

Desde 1600, um século depois da descoberta do Brasil, a região do Mandu era conhecida, mas não era explorada, nem oficialmente administrada. A região, era banhada pelo Sapucaí Mirim e seus afluentes: o Capivari, Itaim, Mandu e Cervo, tinha uma rica flora (...) e a fauna também era abundante.
A beleza topográfica da região, a terra fértil, a abundância de água e a piscosidade dos rios eram um convite à fixação de colonos na região.
Da ambição dos aventureiros que demandavam a região do Sul de Minas, à procura de ouro e outras riquezas, nasceu o conhecimento daquele vasto sertão, ainda desabitado por volta de 1596, quando se deu o primeiro devassamento da bacia do Alto Sapucaí pelos bandeirantes paulistas. Essas expedições e os raros aventureiros que por aqui transitavam necessitavam de se orientar, por falta de informantes, pelas referências geográficas, que por isso ganhavam nomes inconfundíveis: o Matosinho, hoje Pouso Alegre, separado pelo campo do mato grande, era um ponto de referência. A região de Estiva era marcada por uma formação montanhosa no formato de um capuz e ganhou o nome de Serra do Carapuça. Próximo de Santana do Sapucaí, hoje Silvianópolis, havia uma elevação com falha de vegetação no cimo, que recebeu o nome de Serra do Coroado; quem de Ouro Fino viajasse para o Matosinho, depois de vencer o mato encontrava o campo e quem do Matosinho seguia para Ouro Fino, depois de vencer o campo, encontrava a mata, por isso a área de transição do campo para a mata era conhecida de uns por Borda do Campo e por outros por Borda da Mata, o nome que perdura.
             Foi com a descoberta das minas de Santana, que se iniciou o desenvolvimento do Matosinho do Mandu, primeiro nome de Pouso Alegre.

Durante muitos anos, bem antes da criação do Arraial de Pouso Alegre e do surgimento da primeira Capela, os caminhos do Mandu eram passagem e parada obrigatória de diversas caravanas que iam da cidade de São Paulo para a capital mineira, Ouro Preto.
Muito antes também, esses caminhos foram desbravados pelos Bandeirantes, que abriram trilhas para os tropeiros. Na beira do Rio Mandu, próximo à atual Via Perimetral, as caravanas de tropeiros paravam para o descanso e dormida, onde faziam um pouso alegre. Nesse tempo, começavam a chegar os primeiros colonizadores, adquirindo terras para cultivo e sustento.
O maior historiador de Pouso Alegre, Eduardo Amaral de Oliveira, que dedicou 40 anos de sua vida pesquisando milhares de documentos em Campanha, São Paulo, Ouro Preto e Rio de Janeiro, descobriu que os primeiros proprietários de terras devidamente registradas, na verdade os primeiros sitiantes, foram: Antonio Araújo Lobato, Felix Francisco, João Angelo e Joaquim Reis de Lima - supostamente também chamado de Paulo Araújo Pereira. Esses homens aventureiros para cá vieram e se instalaram, tornando-se os primeiros proprietários de terras nessa região do Sul de Minas e que, pouco depois, seguidos por outros que chegavam, deram início a colonização de um arraial que, três séculos após, tornar-se-ia na sempre crescente e magnífica Pouso Alegre de agora!

         O Pouso do Mandu

Uma razão que concorreu bastante para o rápido povoamento do lugar foi o vau do Rio Mandu existente no local, onde o caminho cruzava com o rio, que se tornou uma passagem obrigatória, pela qual transitavam os viajantes que vinham de São Paulo e se dirigiam ao sertão das Gerais, à procura de ouro e pedras preciosas. Essa vereda era um prolongamento do caminho que vinha de São João d’El-Rei, Campanha e Santana do Sapucaí, até o Mandu, e que, ao alcançar o pouso de Cláudio Furquim de Almeida, em Itapeva, tornou-se o trajeto mais curto e o único entre São Paulo e Vila Rica. Vários posseiros se fixaram às margens do Rio Mandu, aumentando o número de moradores do lugar, que recebeu o nome de Pouso do Mandu. Crescendo a sua importância, foi criado no local, pelo governador da Capitania de Minas Gerais, por volta de 1755, um posto fiscal ou Registro, destinado a evitar o desvio clandestino de ouro das minas de Santana do Sapucaí e Ouro Fino, para São Paulo e Santos, visando com isso cobrar o quinto devido à Coroa portuguesa. A presença de um Fiel, acompanhado de guardas, neste posto, indica que se tratava de um Registro de grande movimento e, conseqüentemente, de um povoado em franca expansão. O nome primitivo do lugar, Pouso do Mandu, devia-se ao fato do rio do mesmo nome ter em abundância o peixe da espécie mandi, corruptela do nome indígena Mandihu (rio do Mandi), bem como por ser parada obrigatória, um pouso para os viajantes que percorriam os caminhos entre as capitanias de Minas Gerais e São Paulo. Havia no local um rancho primitivo que abrigava os viajantes, e nesse lugar o rio oferecia melhores condições para uma travessia, facilitando a transposição de animais e carga. Na encosta da Serra do Gaspar localizava-se a fazenda de criar de Antônio de Araújo Lobato, ladeada de extensos brejais cortados por dois córregos até a margem do Mandu, junto do qual havia um pequeno núcleo de casas, o rancho e a venda destinada ao comércio com os viajantes. Foi aí que o povoado nasceu, prosperou e cresceu pouco a pouco, graças à sua excepcional posição geográfica e a riqueza de suas terras (...).
            Quem viesse do norte, no período das águas, teria de esperar que a enchente, que inundava as várzeas, baixasse, e seria forçado a permanecer longo tempo no Pouso do Mandu. Por isso, viajava-se sempre no período da seca, quando os rios davam vau, evitando-se os transtornos causados pelas chuvas.
Não só aventureiros, como também alguns comerciantes, percorriam aqueles caminhos, transportando com sua tropa de burros, carregamentos de sal, açúcar e algodãozinho, produtos destinados aos centros de exploração mineral, escassos, e de alto preço no sertão. Um rancho rústico, situado às margens do rio, tornou-se o abrigo acolhedor dos viajantes, um verdadeiro oásis para aqueles que enfrentavam os caminhos rudes do sertão, cheios de obstáculos e desconfortos. Ali, gozando de um mínimo de conforto, o viajante se recuperava de suas canseiras e recobrava as forças para enfrentar novamente a caminhada.

Em 1831, Pouso Alegre alcançou um prestígio tão grande que, quer seja pelo progresso da povoação, quer seja pela influência política do cônego José Bento, a sua elevação à categoria de vila se fez naturalrnente, sem nenhum esforço por parte de seus habitantes, no dia 13 de outubro daquele ano (...).
Em 1848, um fato auspicioso veio reanimar a população: a elevação de Pouso Alegre à categoria de cidade pela Lei Provincial nº 433, de 19 de outubro de 1848.
Dois empreendimentos importantes receberam o impulso desse acontecimento: a fundação da Santa Casa da Misericórdia nesse mesmo ano, e o início da construção da nova Matriz.

 

 

 No campo material, entretanto, o progresso era lento. Sem meios de comunicação com os centros mais desenvolvidos, a cidade vivia quase isolada do resto do país, o que impedia o seu desenvolvimento. As atividades econômicas se restringiam à agricultura de subsistência, destacando-se o cultivo e a fabricação do chá da Índia, que alcançou um apreciável desevolvimento. Só em 1895, com a chegada dos trilhos da Rede Sul-Mineira a Pouso Alegre, a cidade começou a dar os primeiros passos rumo ao desenvolvimento .
                    Até Novembro. Um abraço da

                                               Isabel Lago

Índivíduos que possuíam terras

  Texto da História de Pouso Alegre em www.tvuai.com.br. Segundo o seu autor, foi  elaborado com a ajuda da seguinte bibliografia  :  
QUEIROZ, Amadeu, "Pouso Alegre - Origem da Cidade e a História da sua Imprensa"
VEIGA, Bernardo Saturnino da, "Almanack Sul Mineiro", 1874
OLIVEIRA, Eduardo Amaral de, “ Pouso Alegre Histórico
TOLEDO,Eduardo A. O., "Estórias do Mandu"
 SPIX, Johann Baptist von e MARTIUS, Karl Friedrich von, "Viagem pelo Brasil", 1820
 REZENDE,  Manoel Coutinho de, "O Pouso Alegre da Trilha dos Faiscadores"
 GOUVÊA, Octávio Miranda,"A História de Pouso Alegre"
 TOLEDO, Tuany, "Trabalhos Dispersos - Memória Histórica"
O sítio não refere as editoras nem o local da publicação



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