CARTAS DE UM OUTRO MATOSINHOS
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Isabel Lago
Diretamente de Portugal

Como vos disse na última carta, vamos agora debruçar-nos sobre o interior da igreja do Bom Jesus de Matosinhos do Serro

Na parte interna, mostra pisos em campa e tabuado largo, forros abobadados , com pintura decorativa na secção da capela-mor, cimalhas de madeira e coro simples, com balaustrada em madeira torneada. As sacristias-corredores laterais se ligam por arcada à nave e à capela-mor.


A capela-mor apresenta  pinturas decorativas nas paredes acima dos arcos, abertos, ao que tudo indica, por ocasião de alguma reforma, pois suas voltas interferem nas bases de painéis e figuras seccionando-os parcialmente.


 A decoração da igreja é depurada, mas de harmoniosa elegância, bem ao gosto rococó que define as linhas da sua talha e pintura. Os trabalhos em talha incluem o altar-mor e dois altares inseridos de viés entre as paredes da nave e do arco cruzeiro, todos de autoria não identificada, porém datando muito provavelmente do século XVIII. Vê-se igualmente na capela-mor um conjunto de pinturas de excepcional qualidade atribuídas a Silvestre de Almeida Lopes, o mais importante pintor da Vila do Príncipe na segunda metade do século XVIII.

 

 

 

 

    No painel do forro, o medalhão central representa a lendária cena do achamento, na praia de Matozinhos, em Portugal, da imagem recolhida por um grupo de pescadores, que a têm apoiada nos braços e colos, junto à rede de pesca, numa atitude cênica que fez Rodrigo Mello Franco de Andrade tomar o quadro como reprodução da clássica iconografia da “ Deposição no túmulo”. A exemplo de outras composições alusivas ao episódio da lenda de Matozinhos, a pintura serrana mostra como fundo uma paisagem marinha, podendo tratar-se de cópia de gravura portuguesa. Em volta do medalhão e ao longo da secção inferior da abóbada se desenvolve ampla decoração rococó, numa notável trama de figuras de anjos, guirlandas de flores, rocailles, etc. O colorido é vibrante, predominando as tonalidades azul, vermelho, rosa e verde-chumbo. Nas pinturas murais estão cenas da Adoração dos pastores e dos Reis Magos, ladeadas pelas figuras dos quatros evangelistas  .


 

6 - milagre do aparecimento da imagem em Portugal

O monumento está tombado pelo IPHAN - inscrição nº 229 do Livro de História, fl. 38, e nº 296 do Livro de Belas Artes, fl. 62, de 14 de Janeiro de 1944

Jubileu do Bom Jesus de Matozinhos do Serro

Segundo as informações enviadas pelo Prefeito da cidade, ali não se realiza romaria ou jubileu. A única festa que se celebra anualmente é a do Divino que será contemporânea da construção da igreja, pois terá tido o seu início em 1781.
Comemora-se não no Pentecostes, como seria o mais correcto, mas nos dias 18 e 19 de Maio e é antecedida pela Folia do Divino, durante o qual os devotos percorrem as ruas com a respectiva bandeira, cantando e pedindo esmolas que revertem para a festa.
No dia 18 é levantado o tradicional mastro do Divino:
Trata-se de um madeiro alto, esguio, recto, enfeitado, que se estaca geralmente junto a uma igreja ou local em que se realiza a festa e em cujo topo se ergue uma bandeira com a estampa do santo festejado. Tem um profundo e complexo simbolismo religioso para o folclore. Marca o início da festa .
           
            No dia 19, o cortejo do Imperador, figura equivalente ao mordomo das festas portuguesas, sai de casa daquele pelas 8h da manhã e dirige-se em cortejo pela cidade em direcção à igreja do Bom Jesus do Matozinhos. Dali parte uma procissão pelas 18h, que termina com missa solene

                                              
                        Para vocês um bom Inverno. Para nós é Verão. Com ele as férias e a praia.
                        Um abraço amigo

                                                           Isabel Lago

Igreja do Senhor Bom Jesus de Matozinhos,  in “ Revista da Fundação João Pinheiro. Análise e Conjuntura”, Belo Horizonte, vol. 8, n º12, pp. 16-20, Dez.1978. Este texto foi-me enviado pelo Snr. Arquitecto Benedito Lima Toledo

Ver n. 154

HENRIQUES, José Cláudio, “O Resgate da Festa do Divino de Matosinhos” in ”Revista do Instituto Histórico e geográfico de São João d’El-Rei” , vol. IX / 2000, p. 132



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