EDITORIAL
José Cláudio Henriques Sócio fundador da ASMAT |
Os Grêmios Recreativos Carnavalescos apresentam um dos maiores espetáculos da terra, que são os desfiles de Escolas de Samba. Nesses desfiles estão presentes as diversas modalidades de arte e cultura que um povo pode apreciar. Temos inicialmente a escolha do Tema Enredo, que depois de muito pensar, objetivam homenagear certos ícones da história ou mesmo relembrar a própria história. Temos a criação da letra da música, temos a melodia e os instrumentistas que vão dar o som naquela melodia. No princípio dos desfiles a Comissão de Frente de uma forma elegante e sempre inovadora saúda o público presente e apresenta a escola. Temos o figurino que tem de estar dentro do enredo. Temos a apresentação teatral dos passistas, que evoluem tentando coreografar da melhor forma possível a evolução da escola. O conjunto Mestre Sala e Porta Bandeira, esta última protegida pelo primeiro, carrega o símbolo máximo da escola que é sua bandeira. Tudo isso compondo a harmonia e o conjunto. Por fim, o Carro Alegórico. Este tem que ser visto de longe, possuir beleza, mostrar o enredo e também inovação. É neste quesito que a AESBRA (Associação das Escolas, Blocos e Ranchos) parece cometer um leve engano. Justificando que os gastos, mão de obra e criatividade têm que ser local, puniram a Escola de Samba Girassol nesse carnaval de 2010, tirando três pontos dela, alegando que a águia batendo asas, para representar “as asas da liberdade”, tanto defendida por Tancredo Neves, não era original da escola. Se essa exigência for levada ao pé da letra, todo o material para se fazer fantasias, couros, adereços e os próprios Carros Alegóricos teriam que ser comprados aqui em São João del Rei, e isso não acontece. Quanto à mão de obra e criatividade a AESBRA está corretíssima em exigir que seja local, para a educação dos nossos artistas e cuidar para que eles não acabem
A águia batendo asas que a Girassol apresentou na avenida não chegou pronta de lugar nenhum. Não sei de onde apareceram pedaços de arames, catracas e engenhocas desmontadas, mas eu tive a oportunidade de visitar o barracão da Girassol, a cerca de um mês atrás, e vi com meus próprios olhos, vários soldadores, mecânicos, marceneiros e embelezadores, tentando por em movimentos toda aquela parafernália, para fazer cumprir o tema “100 anos de Tancredo Neves”
Aproveitar material faz bem à economia brasileira, recicla e dá velocidade ao trabalho, que no caso de São João del Rei, os pobres coitados que trabalham de graça e tentam fazer a alegria de milhares de pessoas tiveram que fazê-lo em apenas 30 dias
Quem deveria perder pontos são escolas que apresentam carros sem nenhuma criatividade, fora do tema enredo e não inovam nada
AESBRA por favor. Reveja este artigo do regulamento, senão as Escolas de Samba não vão evoluir, seus carnavalescos também não, não haverá competição e vocês vão desmotivar ou acabar com novos carnavalescos que estão aparecendo na cidade
*José Cláudio Henriques é escritor, tesoureiro da Academia de Letras e membro do IHG de SJDR, presidente da CODIVINO, da ASMAT, membro da CPA/UFSJ e editor do jornal ograndematosinhos.com.br