CARTAS DE UM OUTRO MATOSINHOS
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Isabel Lago
Diretamente de Portugal

Caros amigos
Mais uma igreja do nosso comum patrono Bom Jesus de Matosinhos. E mais uma que foi refeita à custa da demolição da antiga.

JESUÂNIAMinas Gerais

Jesuânia , antigo Matozinhos do Lambari, está localizada na região do Sul de Minas Gerais a uma altitude de cerca de 871m, constituindo um compartimento da Serra da Mantiqueira. Com uma área de 153,7 Kms2 tem uma população de 4742 habitantes. Dista 351 kms da capital do Estado. A base da sua actividade económica é o café seguido da produção do milho

 

Jesuânia – a terra de Jesus – outrora São Bom Jesus de Lambari, depois Bias Fortes, e, mais tarde, Lambarizinho, tem a sua história por demais ligada a “Águas Virtuosas” da Campanha, hoje Lambari.
 Jesuânia começou a escrever a sua história, no século XVIII, quando uma expedição de baianos e paulistas penetrou rumo ao oeste, através dos vales do sistema da Mantiqueira, incursionando pelo Sul de Minas Gerais. São testemunhos eloquentes dessa jornada as cidades de Campanha, Pouso Alto, Aiuruoca, São Gonçalo do Sapucaí, Itamonte e outras, todas nascidas da "Estrada Geral", cuja picada inicial fora aberta pelos Bandeirantes.
A princípio pequenos sitiantes se fixaram à beira da estrada, atraídos pela exuberância do solo, pelas verdes pastagens e pela perspectiva de enriquecimento para, depois se transformarem em proprietários de grandes fazenda, marcos iniciais de povoados e vilas.
Origina-se, Jesuânia, desse reduzido número de pequenas lavouras localizadas à margem da antiga estrada que ligava Campanha à Corte (Rio de Janeiro), em seu trecho paralelo e mais próximo ao Rio Lambari.
As pastagens que dominavam os vales e as verdejantes colinas em sucessão àqueles, atraíram pioneiros a se estabelecerem em tais paragens, providencialmente favorecidas pela exuberância da terra, boas aguadas, climas dos melhores, estrada aberta ao escoamento da produção
O nome de Lambari, de maior duração nos tempos antigos, procede de um rio que corre junto à localidade e onde existe abundância desses peixinhos de água doce.
O Rio Lambari é conhecido desde 1737, quando o ouvidor de S. João d’El- Rei, Cipriano José da Rocha, tendo ido à Campanha de Rio Verde para coibir alguns abusos, teve oportunidade de atravessá-lo e de ali pescar. Lê-se, no ofício então mandado ao Governador da capitania mineira; “ As terras destas Minas é (sic) uma dilatada Campanha do Rio Lambari para dentro... Tem o Lambari copiosa abundância de peixe grosso e miúdo, de admirável sabor e gosto, por ser todo de pedras o rio. E com redes que trouxe fiz uma grande pescaria, sem muito trabalho .
Não é todo de pedras o rio... Era porem o caminho natural dos que demandavam Campanha, quando se encontravam na região de Baependi, ou vice-versa.
Só em 1749 é que aparece, pela primeira vez, o nome de um morador na região. Trata-se de Manuel Vieira (...). Manuel Vieira era natural de S. Pedro de Freitas, comarca de Guimarães no Arcebispado de Braga, e filho de Gervásio Vieira e de Catarina Gomes. Era casado com Teresa Corrêa, natural da Jacareí, filha de Mateus Fernandes e de Paula Gonçalves .
Em 1753 surge a distinção entre Lambari de Cima e Lambari de Baixo, prova de que iam aparecendo moradores em ambas as partes da estrada .
Desde 1755, é conhecido o sítio do Lambari, de onde se originou o núcleo populoso, atual Jesuânia. Dois registos o atestam: “aos oito dias do mês de Novembro de mil setecentos e cincoenta e cinco anos, nesta Matriz (Campanha) batizei e puz os santos óleos a José (...). Foram padrinhos Martinho de Siqueira e Maria Pedrosa, mulher de João Ferreira Ribeiro, moradores no sítio de Lambari desta freguesia”. O segundo registo é de óbito de uma criança “filha de José Rodrigues Ayrão e Joana Maria, moradores no Sítio de Lambari Grande desta freguesia” .
Os primeiros moradores do lugar foram Martinho de Siqueira (natural de Congonhas do Campo, filho de Martinho de Siqueira Ribeiro e de Ana Corrêa Cardoso; era casado com Catarina Ribeiro da Costa, natural da Piedade de S. Paulo), João Ferreira Ribeiro, José Rodrigues Ayrão (natural de São João de Ayrão, Braga) (...).
Quando da descoberta das fontes de água mineral de Águas Virtuosas, o Arraial de Lambari, às margens do rio do mesmo nome, já crescia e prosperava. 
A lei no 336, de 1948 elevou Jesuânia a cidade, criando o Município

Igreja do Bom Jesus de Matozinhos  de Jesuânia - 1819

           Criada a Vila da Campanha, o Alferes António José Ferreira requereu e obteve que lhe fosse concedida meia légua de terras na Paragem Lambari Pequeno, terra que confrontavam pelo leste com António de Mira, pelo Sul com a viúva de João Gomes, pelo Norte com os Borges.
Pouco depois surge outra fazenda, a de Santa Rita na mesma região. Era propriedade do Alferes José Inácio de Mira, casado com Josefa Maria de Jesus, vendedores que foram, em 1816, de um campo a António Xavier Mariano, procurador nomeado para a construção da capela do Senhor Bom Jesus .Em 1826, o Alferes José Inácio Mira e sua mulher D. Josefa Maria de Jesus, venderam  uma porção de terras na fazenda de S. Rita do Lambari, ao procurador da Capela do Bom Jesus do Matozinhos do Lambari, António Xavier Mariano, para património da referida capela, o que nos revela a sua devoção.
Dependente de Campanha e posteriormente de Águas Virtuosas, atual Lambari, Jesuânia foi sempre um centro apostólico respeitável pois em suas terras foi construída a primeira capela que deveria servir às gentes desta banda de Lambari. A primitiva Capela deu origem à primeira catedral, substituída pela monumental obra arquitetônica dos nossos dias.
Com a primitiva capela começa a sua história:
1 – Capela filial de Campanha, desde o ano de 1820
2 – Paróquia, pela lei mineira de 15 de Julho de 1828
3 – Paróquia de instituição canónica de 2 de janeiro de 1852
4 – Paróquia restaurada pela lei mineira nº 1659, de 14 de fevereiro de 1870
5 – Construção da Primeira Matriz, possivelmente concluída em 1885 e sagrada em 1886
6 - Atual matriz sagrada em 1851
Edificada sem licença diocesana, a mencionada Capela, só no ano de 1828, a 15 de Julho é que obteve  a devida autorização, como o referiu o Cónego Raimundo Trindade. Por isso lhe foram negados os privilégios de Paróquia. Durante algum tempo foi sede de paróquia não só local como da vizinha povoação de Águas Virtuosas de Campanha, actual cidade de Lambari

 

Primeira matriz

Em contato com antigos moradores de Jesuânia, entre os quais se distinguia a velha Savitória, sempre pronta a narrar sobre cousas do passado, apurou-se que o seu pai, ainda moço de seus vinte e cinco anos, trabalhara na construção da velha Matriz. Chamava-se então o lugar Bias Fortes. Sua narração aproximada com cálculos comparativos, davam a obra construída e finda em 1885. Esta data é corroborada com elementos encontrados nos Livros de Campanha , onde se diz que no ano de 1886, foi feita a nova Capela de Lambari -  Jesuânia

Matriz actual

Foi lançada a primeira pedra para a nova matriz no dia da festa anual do Bom Jesus de Matosinhos, em 6 de Agosto de 1949, na presença de autoridades civis e eclesiásticas. Procedeu à benção o Exº Bispo Diocesano de Campanha, D. Frei Inocencio Engelke, OFM.
Através de uma notícia publicada no jornal “O Diário” em 15 de Agosto de 1951, é-nos possível conhecer alguns dos factos relacionados com a sagração da Nova Matriz:
O povo de Jesuânia rejubila-se com a sagração da nova igreja Matriz.

 As linhas arquitetônicas do templo, de estilo românico com adaptação do moderno, cuja planta foi da autoria do renomado arquiteto  Benedito Calixto, dão à obra beleza e originalidade. O altar-mor, oferta do Coronel Américo Dias de Castro, prefeito do município e presidente da comissão pró-construção, à qual emprestou toda  cooperação, é todo de mármore e ricamente trabalhado.
Também de pedra-mármore verde é o nicho onde se acha colocada milagrosa imagem, em tamanho natural, do senhor Bom Jesus, padroeiro da cidade. Essa imagem é obra de artista exímio, trabalhada em madeira vinda diretamente de Portugal.
Vale ressaltar que, posto seja obra de grande vulto, parecendo, à primeira vista, acima das possibilidades do lugar, com um dispêndio que ultrapassou um milhão e quinhentos mil cruzeiros, ela foi terminada em dois anos, apenas (...)

 

 

Durante a Semana Santa são feitas na igreja do Bom Jesus importantes cerimónias quaresmais de que se destaca a encenação da Paixão, cujos personagens são encarnados por destacados actores da TV brasileira

                        Cá nos encontraremos de novo em Março. Até lá vai o meu abraço

                                                            Isabel Lago

Este foi um dos  municípios que mais problemas levantou. A página da Internet esteve sempre em construção, não permitindo obtenção de dados, à excepção de 2 fotografias. A Prefeitura nunca respondeu às minhas cartas. Já com o trabalho em fase de acabamento, o Exº e Reverendíssimo Senhor Bispo da Diocese de Campanha, D. Frei Diamantino de Carvalho, enviou-me algumas fotocópias de livros não identificados, sem referências bibliográficas, mas com os elementos de que necessitava e duas fotografias

VEIGA, José Pedro Xavier da, Ephemerides Mineiras, IV, 88

O seu nome aparece registado como padrinho de um outro Manuel na pg. 24 do 1º Livro de Baptizados de Campanha

Informações obtidas num outro livro de baptizados

Informações obtidas no 1º Livro de Baptizados e no 1º de Óbitos da Matriz de Campanha

Id

Protocolo nº 92 dos patrimónios da Cúria Diocesana

Como disse na nota 321, todos estes textos fora enviados por S. Exa. Reverendíssima o Senhor bispo de Campanha

 

 

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