HISTÓRIA REGIONAL

COLUNISTA - JOSÉ CLÁUDIO HENRIQUES


CONSTITUIÇÃO E CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FERRO OESTE DE MINAS
Por José Cláudio Henriques

Exclusivamente a lei provincial mineira nº 2.398 de 05/11/1877 e ao patriotismo dos são-joanenses, é que foi possível a criação da Estrada de Ferro Oeste de Minas, já que a lei nº 1914 de 19/07/1872, que beneficiava a interligação de São João del Rei a Estrada de Ferro Pedro II, caducou-se.
Assim sendo, já em 02/02/1878 os são-joanenses providenciaram a assembléia geral, que aconteceu na Prefeitura Municipal, subscreveram mais da metade do capital exigido e elegeram a primeira diretoria da recém criada Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas, assim composta:
Dr. Aureliano Martins de Carvalho Mourão – presidente, José da Costa Rodrigues – secretário, Antônio José Dias Bastos – tesoureiro.
Em fins de outubro de 1878 foram iniciados os trabalhos de exploração do traçado e as prestações de capital, recordando estas as duas subscrições populares anteriores, ou seja: para o Chafariz de São Francisco em 1822 e para a construção da Cadeia Nova em 1829.
E para render homenagens aos primeiros acionistas da Oeste de Minas à base de 20$000 (vinte mil reis) por cada ação, eis a relação deles:


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Em menos de 3 anos, decorridos do início da exploração do traçado e em menos de 2 da data em que começaram os trabalhos, ficou completamente ultimada a construção desta estrada entre Sítio (atual Antônio Carlos) e a cidade de São João del Rei, cuja estação foi inaugurada festivamente em 28 de agosto de 1881, dia ficado pelo Imperador D. Pedro II que a ela compareceu acompanhado do Ministro da Marinha Conselheiro José Rodrigues de Lima Duarte, do Ministro da Agricultura Conselheiro Manoel Buarque de Macedo, o qual faleceu no dia 29 de agosto, ou seja; no dia seguinte à inauguração da ferrovia, acometido de congestão pulmonar de origem cardíaca, do Diretor da Estrada de Ferro D. Pedro II, dos engenheiros Rademarker, Ewbank da Câmara e Niemeyer e do engenheiro chefe Dr. Joaquim Miguel Ribeiro Lisboa.

Em 25 de julho de 1884, depois de quase 3 anos de funcionamento regular da linha São João del Rei/Sítio, o jornal “Arauto de Minas”, publicava o seguinte edital:

            São convidados os Srs. Acionistas desta Companhia a reunirem-se em assembléia geral extraordinária, a requerimento de acionistas do Rio de Janeiro devidamente representados, no dia 07 de agosto do corrente ano, às 11 horas da manhã, no escritório da Companhia, a fim de deliberar sobre um projeto de reforma de estatutos, que pelos referidos acionistas será apresentada à mesma assembléia, e bem assim eleger um diretor para preenchimento da vaga de um dos eleitos que renunciou ao cargo.
São João del Rei, 19 de julho de 1884.
Dr. Antônio Moreira Bastos – presidente
José Rodrigues Costa – secretário
José Lopes Bahia – Tesoureiro.

Não se tendo reunido número legal de acionistas no dia 07 de agosto, foi feita nova convocação para 09 de setembro, dia em que comparecendo número legal de acionistas, reuniu-se a assembléia sob a presidência do Dr. Fernando Moreira, aclamado  na ocasião, o qual convidou para secretários os acionistas Herculano de Assis Carvalho e Padre João Batista do Sacramento. Pelo acionista do Rio de Janeiro, Comendador Chaves Faria. Foi justificada a parte principal da reforma dos estatutos proposta, a qual consistia na mudança da sede da Companhia para o Rio de Janeiro, sendo aprovada por grande maioria. Procedeu-se em seguida a eleição de novos diretores residentes na nova sede, sendo eleitos os acionistas Francisco da Silva Castro, Manoel Pereira Barbosa e Manoel Guilherme da Silveira.
Quando os acionistas residentes no Rio de Janeiro, divergindo dos primitivos residentes em São João del Rei,  promoveram e conseguiram a mudança da sede da Companhia para a Capital, um grupo de Oliveirenses abastados e de elevada posição social, composto dos Srs. José das Chagas Andrade, Dr. Antônio Justiniano das Chagas, Tenente Coronel João Ribeiro da Silva, Major Theodoro Ribeiro de Oliveira e Silva, Capitão José Pedro Ferreira de Paiva, Capitão Carlos Ribeiro da Silva Castro, Eliezer Ribeiro das Chagas, Antônio Alves de Moura, Vicente Rodrigues da Rocha e o engenheiro Dr. Cândido José Coelho de Moura, já era possuidor de um privilégio a eles concedido pela lei mineira de 07 de janeiro de 1880, para a construção de uma estrada de ferro de bitola estreita que, partindo da cidade de São João del Rei, fosse até a cidade de Oliveira, com garantia de juros de 7% durante 40 anos sobre o capital máximo de três mil contos de reis (3.000:000$000), e do competente contrato firmado em 04 de fevereiro de 1881 pelo Vice-Presidente da Província, Dr. José Francisco Netto, contrato este inovado em 06 de julho de 1882.

Fonte: Sênior, Dr. Francisco Mourão, “Tradições de São João Del Rei”, Tipografia Commercial, São João Del Rei, 1924.

Reprodução somente com autorização do autor: José Cláudio Henriques – tel. (32) 3371-5342 ou jclaudio@mgconecta.com.br

 

 

 

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