HISTÓRIA REGIONAL

COLUNISTA - JOSÉ CLÁUDIO HENRIQUES


A MORTE DE TIRADENTES NA FORCA

Chegara o dia 21 de abril de 1792, um sábado ensolarado. Tiradentes praticamente sozinho na Cadeia da Relação, mais nenhum inconfidente ao seu lado, apenas dois frades, entre eles frei Raimundo Penaforte, que lhe ministrou a extrema-unção. Logo após, um barbeiro raspou-lhe os cabelos e a barba. Em seguida, um mortífero mal-encarado tirou-lhe as roupas, rasgando-as e trocando-as pela roupa branca, cujas mangas eram costuradas nas extremidades para que o réu não pudesse ter a mínima reação. Seria executada a sentença dada por D. Maria I e assistida pelo Vice-Rei do Brasil Dom Luís de Castro, o conde de Resende, seus auxiliares, autoridades, os demais inconfidentes ainda presos na Ilha das Cobras, todos acorrentados, e toda a população do Rio de Janeiro que desejava ver o enforcamento. O largo da Lampadosa onde fora erguida a forca estava todo enfeitado por bandeiras do Reino e guarnecida por um Regimento de Infantaria, um de Artilharia e pela Guarda do Vice-Rei. As casas de morada de portugueses ostentavam ricas toalhas de rendas nas janelas. Tudo para demonstrar a relação de força e para dar o recado para que ninguém ousasse repetir aquele intento dos inconfidentes. Às nove horas da manhã abriu-se o portão da cadeia. Logo apareceram os padres da Irmandade da Misericórdia, que iam rezar a prece de Santo Anastácio, e mais atrás, de cabeça
Tiradentes e colocou a corda no pescoço. Nas suas mãos os padres colocaram um crucifixo, para o qual Tiradentes olhou tristemente, ergueu a cabeça para os céus e vociferou: “Cristo, ajudai-me neste derradeiro momento”. Ao terminar o sermão e a prece de Frei José Maria do Desterro, Jerônimo puxou violentamente a corda e chutou o pequeno tablado que suportava Tiradentes, o qual ficou totalmente suspenso no ar, com a língua para fora, momento em que começou a estremecer de dor e de sufocamento, ficando seu rosto totalmente roxo. Nesse instante, Jerônimo lembrando de uma das últimas palavras de Tiradentes, “que seja breve”, pulou sobre seus ombros para que com seu peso pudesse abreviar sua morte. Tiradentes gemeu por alguns minutos e logo após, tombando a cabeça, acabara de falecer aquele que dera sua vida pela independência de todos os brasileiros.
Terminado o suplício de Tiradentes, somente às duas horas da tarde retiraram seu cadáver e o colocaram numa carreta puxada por seis galés, escoltada por soldados dos Regimentos de Infantaria e Artilharia. Seu corpo foi conduzido para o quartel do regimento de Entremós, no campo de Santana, lá esquartejado e posteriormente distribuído em sacos com salmoura pelos principais caminhos por ele percorridos. O quarto superior esquerdo ficaria na Estalagem das Cebolas, uma das últimas paradas de Tiradentes antes de adentrar-se no Rio de Janeiro. O quarto superior direito numa encruzilhada perto de Igreja Nova, onde Tiradentes denunciou abertamente o plano final ao traidor Silvério dos Reis. O quarto inferior esquerdo no povoado de Rodeio, perto de Vila Rica, onde Tiradentes passava em direção à capital.  O quarto inferior direito fora espetado em frente à Estalagem da Varginha, onde Tiradentes pernoitava e onde aliciou vários inconfidentes. A cabeça de Tiradentes fora exposta na praça central de Vila Rica, em cima de um poste. A maçonaria vingou sua morte poucos dias após, roubando e preservando sua cabeça em local secreto.

 

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