HISTORIA REGIONAL

AINDA SOBRE JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER
Por José Cláudio Henriques – Titular da cadeira nº 9 – Patronesse: Bárbara Eliodora Guilhermina de Silveira.
OS DESCENDENTES DIRETO DO ALFERES

Joaquim José da Silva Xavier era filho de Domingos da Silva Santos, reinol, e de Antônia Xavier, paulista.
Tiradentes teve a filha Joaquina da Encarnação Xavier, nascida em 31/08/1786 (certidão na Igreja do Pilar de Ouro Preto), do romance com Antônia Maria do Espírito Santo, que morava com a avó Josefa. Como Josefa não tinha profissão declarada no senso de 1804, julgava-se que ela era prostituta.
Rubens Fiúza, nascido em Dores do Indaiá (1923-2000), escreveu os livros: Do São Francisco ao Indaiá – Belo Horizonte, 2003, 424 páginas e, Tiradentes – Crônicas da vida colonial brasileira – Belo Horizonte, 2006, 256 páginas. Conforme Fiúza, o conteúdo desses livros são arquivos antigos de seu antecedente familiar, Juca de Souza. Fiúza reproduz que Tiradentes conviveu com Eugênia Maria de Jesus ou Eugênia Joaquina, nascida em Vila Rica. Sua ida para a localidade de Quartel Geral, distrito de Dores do Indaiá se deve ao amasiamento com o cônego Assis, riquíssimo português, contrabandista de diamantes, que possuía, no Indaiá, um rico garimpo clandestino. João de Almeida Beltrão, filho de Eugênia com Tiradentes, por influência do cônego Assis, conseguiu o cargo de comandante do destacamento militar do Quartel Geral. Em Quartel Geral casou-se com Maria Francisca da Silva, filha de um fazendeiro local. Tiveram nove filhos legítimos: - Ana, José de Almeida Beltrão, Lúcio, Francelina Fausta Josina, Carolina Augusta Cesarina, Elisa Lisboa Madalena do Carmo, Justino de Almeida Beltrão, João de Almeida Beltrão Júnior, Belchior de Almeida Beltrão, e um número indeterminado de filhos ilegítimos. Vários desses seus descendentes emigraram para diferentes lugares onde se casaram e tiveram filhos, em Moinhos (Goiás), Curvelo, Uberaba, Belo Horizonte, em Minas Gerais. João de Almeida Beltrão, pai, suicidou-se por volta de 1820.
Dentre seus filhos ilegítimos, teve Ana Carolina que se casou com o Juiz Jacinto Rodrigues Véu (ou Braga ou Zica), que geraram Jesuína Marcelina. Jesuína Marcelina se uniu maritalmente ao Pe. Francisco de Souza Coelho, filho mais velho de Juca de Souza. Dessa união nasceram sete filhos; Jose de Souza Coelho Neto, Ovídio, Francisco, Claudina, Francisca, Carlota e Luiza. Juca Neto foi comerciante e presidente da Câmara de Dores. Ovídio mudou-se para o triângulo mineiro. Francisco foi pai de Chico Melgaço, que gerou Luis de Souza Melgaço, grande compositor musical. Claudina não teve filhos, mas adotou vários. Francisca foi bisavó de Chico Campos, autor da constituição federal de 1937. Carlota não teve filhos. Luiza casou sua filha mais nova com o primo Ricardo Pinto Fiúza.
João de Almeida Beltrão carregou este sobrenome oriundo do padrasto, o açougueiro José de Almeida Beltrão. Tiradentes já prevendo o que poderia acontecer com ele no movimento de libertação do Brasil de Portugal, sugeriu a Eugênia que pusesse o sobrenome do padrasto no filho.

A CABEÇA DE TIRADENTES

Após seu enforcamento Tiradentes teve seu corpo esquartejado e distribuído por partes dos caminhos onde ele andava. Sua cabeça foi salgada e exposta dentro de uma gaiola, para se proteger dos urubus, na praça principal de Vila Rica.
Numa ultra-secreta reunião da Loja Maçônica Libertas Quae Será Tamen, de Vila Rica, em fins de 1793, decidiu-se por unanimidade que a cabeça ressecada do Alferes deveria ser resgatada da gaiola no alto do poste, para que pudesse receber a merecida sepultura cristã. E assim foi o resgate consumado pelo Cônego Francisco de Assis Garcia, Juca de Souza, inconfidente não identificado e muito rico, com a ajuda de Eugênia, ex-amante de Tiradentes e o menino João Beltrão, que na realidade era filho de Eugenia com Tiradentes.
Eugenia, que na época era amasia do cônego Francisco de Assis, solicitou-lhe o grande favor de sua vida. Coordenar o resgate da cabeça do alferes.
Cônego Assis se disfarçou com barba e bigodes postiços, e com uma peruca de cabelos louro-esbranquiçados a encobrir-lhe a cabeça quase completamente calva, dirigiu-se para a praça, em frente ao Palácio do Governador, onde se encontrava a cabeça do alferes.
Um escravo surdo-mudo guindou sem dificuldades poste acima e retirou a gaiola com a cabeça. A gaiola coube no odre de couro cru que fazia par com um outro recheado de capim.
O guarda dormia e roncava. O frio afugentava todos os moradores. Perto da praça onde se encontrava a cabeça do alferes, o cônego se dirigiu a um porão e escondeu o odre que continha a cabeça. Mundico, o escravo surdo-mudo sumiu com o resto da tropa para os lados de Cachoeira do Campo, a fim de despistar-se. No porão, cônego Assis mergulhou a cabeça num odre com vinho, que já virara vinagre, subiu a escadaria e a entregou a Eugênia Joaquina. No dia seguinte, cônego Assis e Juca de Souza, que estivera presente na reunião maçônica se dirigiram para Pitangui.
Em seguida, depois de lutarem ferrenhamente para atravessarem o rio, numa terrível enchente, chegaram ao Quartel Geral, distrito de Dores do Indaiá e lá enterraram a cabeça do Alferes sob a encomendação do cônego Assis.

Joaquim Jose da Silva Xavier, era Alferes de Cavalaria, posto equivalente ao Subtenente do exército. É o maior herói nacional intitulado por lei federal, o Protomártir da nação brasileira. Ele deu sua vida pela liberdade do Brasil, na época, colônia de Portugal, articulando o movimento da Inconfidência Mineira. Nasceu na Fazenda do Pombal, hoje, território pertencente ao município de Ritápolis, porém, quando dos seus onze interrogatórios disse ter nascido na Vila de São João del Rei, quando a cidade de Ritápolis ainda era distrito de São João del Rei.
Foi batizado em12/11/1746, na capela de São Sebastião do Rio Abaixo. Não se tem a data de seu nascimento, mas tudo leva a crer que foi no mesmo ano do seu batismo, já que a região oferecia facilidades para batizá-lo devido à existência de inúmeras igrejas.
Tiradentes era o quarto de uma prole de sete irmãos, sendo que ao todo eram quatro homens, entre eles dois padres, e três irmãs.
Sua mãe faleceu em 1755 e seu pai dois anos depois. Portanto, Tiradentes ficou órfão de mãe aos 9 anos e de pai aos 11 anos. Parece ter sido criado com seu padrinho, o cirurgião dentista Sebastião Ferreira Leitão, com quem aprendeu a profissão de tirar e por dentes.
A família de Tiradentes era relativamente abastada, pois, possuía a fazenda do Pombal, à beira do Rio das Mortes, e nela explorava a lavoura, a agropecuária e a mineração.
Tiradentes era primo por parte de mãe do Frei José Mariano da Conceição Veloso, nascido na cidade de Tiradentes em 1741. Frei Veloso era também botânico, habilidade que desenvolveu no convento do Rio de Janeiro, cidade na qual ajudou também a construir o Jardim Botânico. Faleceu no próprio Rio de Janeiro em 1811.
Tiradentes parece ter usado dos conhecimentos do primo para utilizar-se de plantas medicinais, para a cura de doenças.
Tiradentes tinha também conhecimento de engenharia, pois, apresentou projetos para a coroa portuguesa, no intuito de canalizar o rio Maracanã para servir a população do Rio de Janeiro de água, bem como para tocar moinhos de trigo e milho.
Tiradentes alem do vasto conhecimento de diversas profissões, também lia e escrevia bem, pois andava com as leis de constituição dos EUA escrita em francês.
Pela sua amizade com a corte portuguesa chegou a ganhar diversas Sesmarias na região da atual cidade de Paraíba do Sul, antes denominada Porto dos Menezes.
Foi preso no Rio de Janeiro a 10 de maio de 1789 e enforcado no dia 21 de abril de 1792.

TIRADENTES NÃO TERIA COMO ESTAR EM LISBOA A PARTIR DE SETEMBRO DE 1787.

No que pese a profunda pesquisa do Dra. Isolde Helena Brans, de naturalidade gaúcha e moradora na cidade de Campinas (SP) parece difícil defender sua tese em que afirma que o Alferes Joaquim José esteve em Lisboa a partir de 04 de setembro de 1787.
Realmente o Alferes requereu ao Conselho Ultramarino para viajar ao reino em março de 1787 (ADIM V. 8 p. 25). Somente em 08 de setembro de 1787 é que foi expedida a autorização para sua viagem. A viagem por mais rápida que fosse não possibilitaria o desembarque do Alferes antes do principio de dezembro, já que em média, naquela época demorava-se cerca de três meses de viagem do Rio de Janeiro a Lisboa, através de barco a vela. Por outro lado, como afirma Tarquínio de Oliveira em nota de rodapé à pagina 26 do mencionado volume 8 do ADIM, o Alferes teve diversos compromissos comprovadamente no Brasil, seja através de renovação de licença junto a seu regimento para permanecer no Rio de Janeiro em 02/05/1787, seja no recibo que assinou de próprio punho, recebendo seus soldos referentes ao 2º trimestre de 1787, conforme anexo a seguir.
1
Documento existente nos arquivos da Casa dos Contos em Ouro Preto (MG).

Para derrubar ainda mais a tese, o Alferes pediu renovação de licença para ir ao Reino em fevereiro de 1788, ou seja, cinco meses após a autorização de 08 de setembro de 1787.
A documentação demonstrada pela respeitada pesquisadora, na maioria, está exposta nos Autos da Devassa da Inconfidência Mineira (ADIM) e refere-se à documentação da licença para viajar ao reino, conforme acima exposto.
Realmente teria sentido o Alferes ir à França a partir dos contatos do grupo Vendek na França, a qual estava em regime de revolução interna, a chamada revolução francesa de 1789. O relacionamento com o ministro americano Thomas Jeferson também se faz sentido, diante da independência Americana nesta época. Os dois países recentemente libertados, o último da Inglaterra e o segundo da crise interna, tinham que ter um ponto de apoio na America do Sul para escoarem e venderem seus produtos. Não foi atoa que o Alferes estava engenhando um porto e moinhos para moer milho, arroz e trigo, no Rio de Janeiro.
O grupo Vendek, assim chamado recentemente por historiadores, tomou este nome em homenagem a José Joaquim da Maia, que faleceu antes da prisão dos demais. Com sua morte ficou fácil culpá-lo dos contatos na França. Seus principais membros eram: José Joaquim da Maia, carioca, filho de construtor, José Álvares Maciel, de Vila Rica, e, Domingos Vidal Barbosa, da Fazenda do Juiz de Fora (MG). Este grupo começou a se concatenar em 02/10/1786 com Thomas Jeferson, ministro americano, na França, através de uma tímida carta e na defensiva. Em 21/11/1786, o grupo Vendek prossegui os contatos com Thomas Jeferson. Nesta carta o grupo já declara os problemas entre portugueses e brasileiros, principalmente quanto aos abusos punitivos cometidos por portugueses diante de brasileiros, bem como a cobrança dos quintos e dízimos e a falta de retorno financeiro, através de obras. Tudo do Brasil gerava impostos a favor de Portugal, inclusive contratos de passagens nos registros e portos. Retorno nós não tínhamos nenhum.

 

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